terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

5. ego


Dar um tiro entre os olhos de um desconhecido para conhecer o gosto de matar. Observar de perto, acocorado, os líquenes que crescem nas fendas do gelo, na Antárctida. Entrar no WTC antes do 11 de Setembro. Participar numa orgia com a Jenna Jameson e a Katherine Millet e foder as duas. Percorrer o circuito de Imola no carro de Ayrton Senna. Escrever O HOMEM SEM QUALIDADES. Dizer pelo rádio: Hello Houston, here Tranquility Sea moon base. Estar nos Dardanelos em 17 (e sair vivo de lá para poder recordar). No fundo de cada alma há sonhos assim, que só não doem porque, por um qualquer mecanismo freudiano, foram desde o início catalogados como impossíveis. Sabe-se que se vai morrer sem os realizar, mas a frustração que isso poderia causar é travada deliberadamente: sabemos que não são deste mundo. Mas o que aconteceria se o mecanismo de recalcamento fosse retirado? E se fosse possível realizá-los? E se se procurasse deliberadamente a sua realização?

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